The PURGE - 2013 e 2014

08 estrelas (10)

A américa a matar-se entre si?
Mas é o sonho de muitos dos seus inimigos!

The Purge (A purga) e The Purge - Anarchy, são dois filmes futuristas de ficção e horror nos quais o crime foi eliminado da sociedade através da introdução governamental da Noite da Purga. Durante 12 horas do dia 6 para 7 de Julho, é como se fosse Natal. É permitido a todos os cidadãos americanos sair armados às ruas e cometer quaisquer actos de violência, inclusive homicídio. Têm essas 12 horas de confronto e depois, ao som de uma buzina, tudo termina. Para continuar a matar e a libertar a sua raiva, terão de esperar um ano inteiro até o próximo feriado da Purga.

Aposto que nações inteiras viajariam de propósito para os EUA nesse feriado só para se «divertirem» na caça humana aos americanos. Provavelmente não iria sobrar nenhum e os EUA acabaria uma nação conquistada.

Por esta e outras razões, estes são aquele tipo de filme cuja permissa não dá para acreditar, mas que mesmo assim se vê com deleite. É divertido de acompanhar. Na primeira história, o enredo centra-se numa família bem abastada que decide não participar na noite da Purga mas, como todos, têm de proteger suas casas fechando-se nelas, pois tudo é possível, até mesmo invadir casas. E é o que lhes acontece.

O segundo filme vai mais longe e sai para as ruas, onde a maioria da ação tem lugar. No início centra-se em três casos isolados, depois os três acabam por se juntar e formar um grupo que luta tão somente pela sobrevivência.

Os dois filmes partem da crítica e reflexão. Talvez por isso sejam bons de ver. A noite da purga não é o que parece ser. Afinal, os que morrem são os pobres, aqueles que não têm como se proteger. Acabam caçados por gente rica, bem armada e com equipamento tecnológico avançado. Como em todo o enredo que se preste, existe sempre um grupo rebelde que é contra esta lei governamental e aqueles que dizem entender e concordar com ela, mas não conseguem participar. Os ricos não sujam as mãos nas ruas, e pagam para que lhe tragam a casa a "caça" viva, para poderem purgar em segurança e em privado.

O que está mal com este princípio?
Bom, o mais provável é que toda uma população mundial pervertida ou enriquecida fosse fazer turismo para os EUA nesta noite de caça, tal como muitos fazem safaris em África. Às 7h da madrugada, uma buzina dá por terminada a legalidade da ação e todos obedecem como se ir contra as regras não fosse o que mais caracteriza a marginalidade. Durante o ano inteiro ninguém mata? Só se a sociedade no futuro evoluir tanto que a identidade de todos é imediata e assim, a possibilidade de escapar seja nula. Mas existe uma falha maior, que é a capacidade dos serviços de emergência e os hospitais em acolher todos os feridos depois de uma noite de homicídios em massa. Os noticiários falam de praças cheias de cadáveres, os feridos também não devem ser poucos. Os médicos e os enfermeiros, todo o staff hospitalar deve amaldiçoar aquela noite tanto, mas tanto, que tudo deve fazer para sair do país em tão fatídica noite.

Mas cá está: são detalhes que acabam por não interferir no filme, que é bom entretenimento.